De alimentadores ao expresso as mulheres pedem passagem


Por: Camila Souza

Elas ainda são poucas num ambiente de trabalho predominantemente masculino. Hoje em Curitiba e Região Metropolitana de Curitiba (RMC) existem 100 mulheres trabalhando como motoristas de ônibus no transporte coletivo, segundo dados do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). O número representa apenas 2,5% dos 4 mil homens que trabalham na mesma área em Curitiba e RMC, e além dos desafios comuns no trânsito como o grande fluxo de carros e a responsabilidade de transportar vidas, as mulheres têm que encarar desafios próprios.
 Para Silvia Cabral, 34, que após passar por testes psicológicos, meses de treinamento para se qualificar e exercer a função, veio um desafio diário, superar o preconceito e o machismo que ronda a profissão. “Aconteceu com um passageiro, um idoso. Eu parei no ponto abri a porta porque ele tinha dado sinal, ele olhou, viu que eu era mulher e falou: Mulher não, mulher não. E se afastou”.
Eliane Cristina Pedroso tem 37 anos e trabalha como motorista há dois anos. Começou a trabalhar no transporte coletivo como cobradora e depois decidiu fazer o treinamento na empresa para virar motorista. De acordo com ela, no ambiente de trabalho também acontecem casos de preconceito, mas o que predomina é o respeito. “Aquelas piadinhas de quando acontece alguma coisa eles dizerem: Isso é porque era mulher que estava dirigindo. Mas muito pouco, no ambiente de trabalho o pessoal respeita bastante admira bastante”.

Amor pela profissão

Eliane vem de uma família de motoristas. Seu pai trabalhou por 25 anos na empresa em que ela trabalha, e seu irmão também é motorista de ônibus. Então além de sempre ter gostado de dirigir e de estar em contato com as pessoas, na hora de escolher a profissão seguiu o exemplo que tinha em casa.
Nos elogios dos passageiros ela tira um incentivo extra. Afirma que dizem se sentir mais tranquilos por ter uma mulher no volante. “Já ouvi isso de vários passageiros: Hoje eu estou mais segura, hoje é uma mulher, é mais cuidadosa, tem mais paciência”.

Silvia diz que o amor pelo trabalho é o seu principal incentivador no dia-a-dia. Ela conta que gosta de todos os aspectos de sua atividade profissional, e que procura tratar os passageiros como gostaria de ser tratada, com amor e carinho. “Você tem que ter amor, quando você vê aquela fila [de carros] não está nem aí entendeu, é amor no transito, é ter amor pelo que faz”.

Trabalho e família

Conciliar família e trabalho ainda é um desafio para as mulheres devido a segunda jornada. Silvia conta com a ajuda da mãe para conseguir trabalhar e cuidar da família. “Eu trabalho na parte da tarde. Começo meio-dia e vou até as 19h. Então eu pego meu filho, vou até a casa da minha mãe, ela o leva na escola e eu vou trabalhar, e quando eu estou voltando eu passo pego ele e levo para casa”, explica.
Elaine conta que encontrou dificuldades conseguir cuidar dos 4 filhos e conciliar o trabalho. “No começo foi bem desgastante, quando eu estava fazendo treinamentos eu treinava fora do meu horário de trabalho, então eu ficava muito tempo fora de casa”. Mas com o apoio da família ela se diz realizada no trabalho ao fazer o que gosta.

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